quinta-feira, 27 de novembro de 2008


NO PAÍS DAS MARAVILHAS

Alice, a história de uma menina que muda de tamanho a cada página, trata da instabilidade do ser . " nunca tenho certeza do que vou ser de um minuto para o outro ", ela reclama. Nós com nossos títulos e diplomas, sobrenomes crachás e cartões de crédito - achamos isso estranho. As crianças, não. Elas o aceitam elas se divertem. Quem se ilude? Certamente não os meninos. É bem difícil para nós que somos sensatos e razoáveis, aceitar um mundo que é feito de surpresas e de inversões. Para nos livrar do horror que são apenas histórias " para crianças ".

Para Alice, não. para ela tudo começa no ponto morto, no ponto zero, no vazio. Tudo começa quando ela, por distração, cai em um buraco " que não termina nunca ". A queda da menina encena o despedaçamento de nossas pobres ilusões. A queda é tão longa, e tão desprovida de sentido, que alice começa a sentir sono, e depois tédio, até que se acostuma com a ausência de um chão. A vida toma o carater do sonho. Mas sonhos ( como nos alertam os pesadelos, que expoem as piores verdades) são expantosas aproximações do real.

O mundo em que se meteu a treina para o inesperado: ela se choca quando se depara com o previsível. " Alice já estava tão acostumada a esperar pelo inesperado que o esperado lhe pareceu muito bobo e sem graça ".

Muito do nosso precioso saber não passa de preguiçosa repetição. A aventura de Alice é a experiencia da supresa. Quando a aceitamos o eu se esfacela. Como toda criança, Alice está pronta para o susto que é viver.

Por que as estrelas não caem?

Sera que as estrelas poderiam cair sem cair?

Só crianças se permitem essas questões, que estilhaçam nosso bom senso. Nós, que respeitamos a sensatez e a prudência a afastamos. Alice as vezes se pergunta o que deve fazer para que o mundo se estabilize. Nunca encontra a resposta mas nem por isso desiste de perguntar. E na privação e na carência que a vida se passa.

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