terça-feira, 13 de outubro de 2009

no way to slow down

ontem comprei um livro numa daquelas livrarias mágicas que encontramos às vezes. uma pequena porta numa rua pequena, num labirinto de ruas pequenas. cinco reais, capavermelha e letras pretas. discretamente subversivo. umas noventa páginas. a pequena velhinha de cabeça branca e cabelo curto lisinho sentada nos fundos escrevendo sobre uma pequena mesa de madeira sorriu e levantou pra me atender.
volto de trem bebendo antártica, pensando em lentes e prismas, vendo a luz laranja do pôr do solrefratada nos riscos das janelas. um lindo e vinis numa sacola. piso pesado e ando rápido entre a multidão e o caos. meu joelho está cansado e penso em outras gerações.
o physical graffitti é bom pra caralho. o coda também. o nação zumbi maduro é incomparável. o pendulum talvez seja o melhor do creedence. mais maduro e mais psicodélico com a mesma pegada. o bob dylan dos setenta também é foda. jim morrison e bob the bear morreram antes de mim. rimbaud também. sem perna. baudelaire provavelmente já tinha a saúde arruinada e seguia sua rotina. bukowski certamente estava de porre com uma puta feia. kerouac ainda era um forte. romário tava ganhando a copa, henry miller nem tinha começado a escrever e thoureau devia estar lá pelo walden isolado ou sendo preso por recusar-se a pagar impostos. já o john lennon estava doido perdido na linha tênue entre provocação social e agir como um mico de circo. morrem os revolucionários. o inverno vai embora. os fortes lutam e desafiam a si mesmo.
conta a história o sonho de jovens ocidentais que viajaram a katmandu em busca de paz espiritual e de uma sociedade sincera e perderam-se totalmente no desespero do vívio do ópio e todas as outras drogas.
vou e volto pela realidade, flutuo alguns anos em três minutos e volto às janelas do trem ou à televisão com os horários. por um instante pergunto pra que lado estou indo.
sinto os vinis e lembro de tudo. irei lavá-los e farei com que brilhem por dez mil anos. serão descobertos por uma nova civilização ainda rústica que aprenderá a ouvi-los e através da música aprenderá um pouco conosco num futuro remoto e impensável. escolherão o caminho da vida e da carne.
já sonhei ser um índio guerreiro, em outra época, num passado distante, fazendo cachimbos, defendendo a américa dos podres invasores do velho mundo que trazia a ganância e a desordem.
eu um mensageiro veloz entre as tribos, cruzando florestas ou cordilheiras, descendo montanhas em disparada. pisadas firmes. pulando pedras. cada passada, quase um salto. cada pé mal chega a tocar o chão. o outro já impulsionou uma nova passada. não há como reduzir a velocidade.

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